Há um ano e meio, já então com 47 anos e muitos anos de bike, já tinha experimentado cicloturismo pelo Brasil e Europa, competições em ultras maratonas, Audax, conhecido muitas lugares, onde provavelmente a maioria das pessoas nem colocará os pés ou “as rodas”. Respirava bicicleta 24 horas por dia.
Um descuido e uma queda feia me fez desacelerar a vida. E ao parar e pensar na vida, senti que tudo que passei no maravilhoso mundo das bikes e todos os benefícios que vieram, mereciam ser compartilhados.
Queria ensinar e trazer pessoas para este mundo. E isso só seria possível unindo o amor pela bicicleta, o lado profissional e tecnologia. Outro assunto que adoro!
Assim, em 2018, surgiu a Quero Pedalar, dentro do Projeto de Incubação de Startups do Sebrae SP.
Como nada se faz sozinha nessa vida, vieram outros amigos e ciclistas que também compartilham do mesmo sentimento.
Neste mês, estivemos novamente na Maior Feira de Bicicletas da América Latina, a Shimano Fest. Debaixo da passarela, lá estávamos nós, preparados para fisgar aquele “ser” que estava perdido pela Feira.
Uma pessoa, que num domingo de sol e frio, foi convidada (o) pelo marido, namorado, mulher, filhos a dar um passeio pelo Memorial da América Latina. Alguém que acordou cedo e pensou: “que passeio de grego terei hoje”. Não sei pedalar, não entendo de bicicletas, o que eu vou fazer lá?
E foi assim que essa senhora da foto chegou. Os netos passaram pelo nosso espaço, viram a faixa, “aprenda a pedalar” e empurraram a avó para nós. Ela sem jeito, envergonhada, me olhava e dizia não, mas no fundo dos seus olhos, dava para ver o brilho de quem queria muito. Disse que não precisava se preocupar, não forçaríamos nada e seus pés ficariam no chão o tempo todo. Ela foi se acalmando e num ímpeto topou entrar.
Ela disse que nunca tinha pedalado. E só de colocar a touquinha e o capacete, já dava para sentir a felicidade misturada com ansiedade e adrenalina que a envolvia naquele momento.
Por alguns minutos, os problemas, filho, netos, casa, ficaram distantes e o tempo era dela.
A Ciça com muita paciência, ensinava os primeiros passos para o equilíbrio.
Esse é o nosso propósito de existir. Realizar sonhos. Transformar adultos em crianças, nem que seja por minutos.
A bicicleta é transformadora. Não só para o trânsito e meio ambiente das grandes cidades mas também como uma mudança interna de hábitos saudaveis em cada pessoa.